Skip to content

Inteligência Artificial e os Testes de Software

A qualidade do software é fundamental para o sucesso de qualquer negócio, testes rigorosos são essenciais para garantir que o software atenda às expectativas e funcione conforme o esperado. No entanto, os testes manuais podem ser demorados, trabalhosos e deixar passar alguns erros. É aí que entra a Inteligência Artificial (IA), uma solução que através de técnicas sofisticadas, permite automatizar e otimizar o processo de testes, garantindo maior qualidade e confiabilidade dos produtos.

Técnicas de IA para geração de testes

 

1 – Busca aleatória dirigida por feedback: essa abordagem explora o espaço de testes de forma aleatória, priorizando áreas com maior probabilidade de conter erros. Ela combina a aleatoriedade na geração de casos de teste com o feedback obtido da execução desses testes, para guiar o processo de criação de novos casos de teste de forma mais eficiente.

Como Funciona:

Geração Aleatória de Testes: inicialmente, a técnica gera casos de teste de forma aleatória. Esses testes podem incluir uma série de chamadas de métodos, passando valores aleatórios como argumentos.

Execução e Feedback: os casos de teste gerados são executados no sistema em teste. Durante essa execução, diversas informações são coletadas, como cobertura de código (quais partes do código foram executadas), exceções lançadas, e o comportamento geral do sistema.

Análise de Feedback: o feedback coletado é analisado para identificar quais testes foram eficazes em cobrir novas partes do código ou em revelar comportamentos inesperados (como exceções ou falhas).

Direcionamento da Busca: com base no feedback, a técnica “dirige” a geração de novos testes. Isso significa que, em vez de continuar gerando casos de teste completamente aleatórios, o processo ajusta a geração de testes para explorar mais profundamente áreas que ainda não foram suficientemente testadas ou que mostraram comportamentos suspeitos.

Iteração: o processo é iterativo, com a geração de novos casos de teste sendo continuamente refinada à medida que mais feedback é coletado e analisado.

Vantagens:

  • Eficiência na Cobertura de Código: combinando a simplicidade da aleatoriedade com a inteligência do feedback contínuo, essa técnica foca em áreas menos exploradas do código e cria testes de software mais eficazes e abrangentes.
  • Descoberta de Falhas: é eficaz em descobrir bugs, especialmente aqueles que aparecem em condições raras ou específicas.

Aplicações:

  • Testes Unitários Automatizados: ferramentas como o Randoop utilizam essa técnica para gerar automaticamente testes unitários para programas Java e .NET. Ele utiliza o “teste randômico dirigido por feedback” para criar sequências de métodos e construtores de classes sob teste, executando essas sequências e gerando asserções que capturam o comportamento do programa. Isso é útil para encontrar bugs e criar testes de regressão automaticamente.
  • Teste de Software em Ambientes Complexos: útil para testar sistemas onde o comportamento pode ser altamente variável dependendo de uma combinação complexa de estados internos e entradas.

 

2 – Execução simbólica: é uma técnica de análise estática de programas usada para explorar possíveis caminhos de execução e identificar erros em software. Ao invés de executar o programa com entradas específicas (como em uma execução tradicional), a execução simbólica usa símbolos.

Como Funciona:

Símbolos em vez de Valores Concretos: na execução simbólica, variáveis de entrada do programa são tratadas como símbolos, ao invés de valores concretos. Por exemplo, se uma função recebe um número inteiro como entrada, essa entrada é representada por um símbolo xxx, em vez de um valor específico como 5 ou 10.

Exploração de Caminhos: à medida que o programa é “executado” simbolicamente, ele gera expressões lógicas que representam as condições dos ramos de decisão (como if-else). Cada caminho de execução é representado por um conjunto de condições (chamado de caminho condicional).

Resolução de Condições: ao final da execução simbólica, os conjuntos de condições para cada caminho são analisados. Um solver de restrições (como um SMT solver) é utilizado para determinar se essas condições podem ser satisfeitas por algum conjunto real de entradas.

Casos de Teste: se as condições forem satisfeitas, o solver gera um conjunto de valores concretos para as entradas que seguirão o caminho específico do programa. Isso permite gerar casos de teste específicos para cobrir diferentes cenários do código.

Desafios:

  • Explosão de Caminhos: para programas complexos, o número de caminhos possíveis pode crescer exponencialmente, tornando a execução simbólica computacionalmente intensiva.
  • Símbolos Complexos: para alguns tipos de entradas ou operações, criar e resolver expressões simbólicas pode ser muito complexo ou impossível.

Aplicações:

  • Teste de Software: ferramentas que utilizam execução simbólica, como KLEE e SAGE, ajudam a gerar testes que cobrem uma ampla gama de cenários possíveis.
  • Otimização de Compiladores: ajuda em otimizações, garantindo que transformações no código não introduzam novos bugs.

 

3 – Concolic: uma abreviação de concrete symbolic execution (execução simbólica concreta), é uma técnica que combina a precisão da execução concreta com a abrangência da execução simbólica para uma análise mais completa.

Como funciona:

Execução Concreta: o programa é executado normalmente, com entradas reais e observando o comportamento real do software.

Execução Simbólica: em paralelo, o programa é executado simbolicamente, onde as variáveis são tratadas como símbolos, em vez de valores concretos.

Aplicações:

  • Teste de Software: concolic testing é usado para gerar automaticamente casos de teste que cobrem diferentes caminhos de execução.
  • Verificação de Segurança: também é utilizado para descobrir vulnerabilidades de segurança, explorando diferentes cenários de execução de forma sistemática.

 

4 – Algoritmos evolucionários: algoritmos evolucionários (AE) são uma classe de algoritmos de otimização e busca inspirados pelos processos de evolução natural, como seleção natural, mutação, recombinação e sobrevivência do mais apto.

Como Funcionam:

População Inicial: uma população inicial de possíveis soluções (chamadas de indivíduos ou cromossomos) é gerada aleatoriamente.

Avaliação: cada indivíduo na população é avaliado usando uma função de aptidão, que mede o quão “boa” é a solução proposta para o problema.

Seleção: indivíduos com maior aptidão são selecionados para reprodução. A ideia é que as melhores soluções têm mais chances de passar suas características para a próxima geração.

Recombinação (Cruzamento): dois ou mais indivíduos (pais) são combinados para produzir novos indivíduos (filhos), que herdam características dos pais. Isso é análogo ao cruzamento genético em biologia.

Mutação: pequenas mudanças aleatórias são introduzidas nos filhos para manter a diversidade genética na população e evitar que o algoritmo fique preso em soluções abaixo do ideal.

Substituição: a nova geração substitui a população antiga, e o processo se repete até que um critério de parada seja alcançado, como um número fixo de gerações ou a convergência para uma solução ótima.

Aplicações:

  • Otimização: usados em problemas de otimização complexos, como ajuste de parâmetros em modelos matemáticos, design de circuitos, e otimização de redes neurais.
  • Robótica: evolução de controladores de robôs.
  • Inteligência Artificial: evolução de estratégias em jogos e sistemas de tomada de decisão.

Um exemplo de ferramenta que utiliza técnicas de algoritmos evolucionários para gerar casos de teste JUnit para programas Java, é o EvoSuite.

 

5 – Grandes modelos de linguagem (GLMs): treinados em vastas quantidades de código e texto, esses modelos podem gerar testes automaticamente a partir de descrições em linguagem natural.

Desafios:

  • Qualidade dos dados: A qualidade dos dados utilizados para treinar o GLM impacta diretamente a qualidade dos resultados.
  • Interpretação dos resultados: É preciso ter cuidado ao interpretar os resultados gerados pelos GLMs, pois eles podem não ser sempre precisos.

Aplicações:

  • Geração automática de casos de teste: ao fornecer ao GLM uma descrição da funcionalidade que precisa ser testada, ele pode gerar automaticamente diversos cenários de teste, incluindo entradas válidas e inválidas, e os resultados esperados. Isso economiza tempo e esforço dos testadores.
  • Identificação de defeitos: Ao analisar os resultados dos testes, os GLMs podem identificar padrões e anomalias que podem indicar a presença de defeitos no software, permitindo que os desenvolvedores resolvam os problemas mais rapidamente.

O futuro dos testes de software com IA

A IA tem um papel cada vez mais importante no futuro do desenvolvimento de software. Com o avanço da tecnologia, podemos esperar:

  • Testes mais inteligentes: A IA será capaz de aprender com os erros passados e adaptar os testes de forma autônoma.
  • Testes mais personalizados: A IA poderá gerar testes específicos para cada aplicação, considerando suas características e requisitos.
  • Integração com outras tecnologias: A IA será combinada com outras tecnologias, como a realidade virtual, para criar experiências de teste mais imersivas.

Finalizando, a IA está revolucionando a forma como trabalhamos em diversos setores, e a forma como testamos softwares está incluída nessa revolução. Ela torna o processo mais eficiente, preciso e confiável. Ao aproveitar o potencial da IA, as empresas podem entregar produtos de maior qualidade e se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

Redação Verx.

Compartilhe

Artigos Relacionados

Como se preparar para entrevistas em inglês

Cada vez mais empresas buscam profissionais de tecnologia com boa comunicação em inglês. Mesmo quando a vaga é para o Brasil,
Leia mais >

Tendências do mercado de tecnologia para 2026: transforme investimento em resultados

Tecnologia já não é apenas suporte, ela é vetor de diferenciação estratégica, e 2026 desponta como um ano de virada. Aqueles
Leia mais >

Dicas para um Dia das Crianças divertido!

Este texto é dedicado ao Dia das Crianças, mais que entregar um presente, é hora de criar memórias. Dedicar o dia
Leia mais >