No dia 15 de agosto, comemoramos o Dia da Informática no Brasil — uma data que celebra o impacto da computação na vida moderna, no trabalho e na sociedade. Mas você sabia que essa história começou há mais de 60 anos no país?
Para homenagear a data, vamos contar como foi a chegada dos primeiros computadores ao país e, depois, apresentar 4 curiosidades tecnológicas que mostram como esse universo pode ser surpreendente e até divertido. Boa leitura!

O primeiro computador no Brasil: Burroughs B-205 (PUC-Rio)
A história da informática no Brasil começa com a chegada do Burroughs Datatron B205, em 1960, considerado o primeiro computador digital do país.
A máquina foi instalada na PUC-Rio graças a um projeto conjunto entre o CNPq, a Marinha do Brasil e o Ministério das Relações Exteriores. Seu objetivo inicial era apoiar cálculos científicos e formar os primeiros profissionais brasileiros da área. A inauguração foi tão significativa que contou com a presença do então presidente Juscelino Kubitschek.
Com cerca de 1 tonelada, o Datatron ocupava uma sala inteira e trabalhava com válvulas eletrônicas. Apesar de sua capacidade limitada (para os padrões atuais), ele representava um avanço enorme para a época e marcou o início da transformação digital no país.
O primeiro computador da USP: IBM 1620
Pouco tempo depois, em 1961/1962, a Universidade de São Paulo (USP) recebeu seu primeiro computador, o IBM 1620, instalado no Centro de Cálculo Científico e Numérico da Escola Politécnica.
Diferente do B205, o IBM 1620 já usava transistores em vez de válvulas, o que o tornava mais compacto e confiável. Ele foi usado para resolver problemas matemáticos complexos, executar cálculos de engenharia e contribuir com pesquisas acadêmicas.
A chegada desse computador marcou o início do uso da informática no ambiente universitário brasileiro e também serviu de base para o surgimento de cursos voltados à computação.
4 Curiosidades sobre tecnologia e informática que talvez você não soubesse.
Depois de falar um pouquinho sobre dois marcos históricos da tecnologia no Brasil, é hora de conhecer o lado curioso.
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O primeiro “bug” era um inseto de verdade
Em setembro de 1947, quando os computadores ainda eram máquinas gigantescas, ocupando salas inteiras e funcionando com válvulas e relés eletromecânicos, algo inusitado aconteceu. O Harvard Mark II, um dos primeiros computadores eletromecânicos, estava com um mau funcionamento aparentemente inexplicável, até que os operadores descobriram que uma mariposa (inseto = bug em inglês) havia ficado presa em um dos relés do computador.
Grace Hopper, que fazia parte do projeto, registrou o incidente no logbook do computador, colando a mariposa com fita adesiva e anotando:
“First actual case of bug being found” dando origem ao termo.
Fonte da imagem: https://www.atlasobscura.com/places/grace-hoppers-bug?utm_source=chatgpt.com
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O primeiro vírus de computador conhecido surgiu em 1971
Chamado de “Creeper” (trepadeira), ele foi desenvolvido em 1971 por Bob Thomas, um engenheiro da empresa BBN Technologies. O vírus não causava danos reais, ele apenas era irritante e exibia a mensagem: “I’m the creeper, catch me if you can!” (“Eu sou o Creeper, me pegue se puder!”).
E veja só, o primeiro antivírus se chamava “Reaper” (Ceifeiro) e foi projetado especificamente para rastrear e eliminar o Creeper.
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O primeiro mouse era feito de madeira
Muito diferente dos modelos modernos, cheios de curvas ergonômicas e sensores ópticos, o primeiro mouse de computador, criado em 1964 pelo cientista da computação Doug Engelbart, era um bloco retangular de madeira, com apenas um botão no topo e duas rodinhas metálicas na base, que detectavam o movimento ao longo de uma superfície.
Até então, a interação com as máquinas era feita por meio de comandos de texto, exigindo conhecimento técnico. O mouse foi um dos marcos da transição para uma interface gráfica mais intuitiva onde para interagir bastava apontar e clicar.
Embora o uso do mouse só tenha se popularizado anos depois, principalmente com a chegada dos computadores pessoais, o protótipo de Engelbart foi essencial para abrir caminho para a forma como usamos os computadores hoje e para tornar a tecnologia acessível a um público muito mais amplo.
Fonte das imagens: https://www.computerhistory.org/revolution/input-output/14/350/1546?position=3
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A palavra “spam” vem de um esquete de humor
A Hormel Foods lançou em 1937 uma carne suína curada em lata chamada SPAM. Lançado em plena Grande Depressão com a Segunda Guerra Mundial começando logo em seguida, com uma longa vida útil e lata durável, rapidamente se tornou um produto básico para soldados e civis, elogiados até por governantes na época.
Mas como a carne SPAM teve seu nome transformado em sinônimo de lixo eletrônico?
Fonte da imagem: https://www.cookist.it/la-strana-storia-dello-spam-dalla-carne-per-i-militari-alle-email-cosi-nasce-il-suo-mito/
O termo tem origem em uma esquete do grupo britânico Monty Python, em que personagens repetiam a palavra “Spam” de forma insistente e vikings cantavam uma musiquinha utilizando a palavra enquanto outra personagem gritava para se calarem, lembrando mensagens indesejadas.
Mas o termo começou a ser usado no final da década de 1980 com a comunidade “MUD” (multi-user-dungeon). MUD era um ambiente compartilhado multiusuário em tempo real, ou seja, onde os usuários podiam conversar, se movimentar e interagir com locais e objetos no ambiente (como o The Sims Online), e que a maioria das pessoas usava para conversar (como as salas de bate-papos) e até brincar e criar objetos. Como muitos membros da cultura nerd eram fãs do Monty Python, e todos conheciam a irritante música Spam, esse nome passou a ser usado para se referir a alguns comportamentos como inundar o computador com tantos dados a ponto de travá-lo ou “encher o banco de dados com spam”, fazendo com que um programa criasse vários objetos, em vez de criá-los manualmente, ou simplesmente inundar uma sessão de bate-papo com um monte de texto inserido por um programa (hoje chamado de “bot”). E assim o termo foi sendo usado e logo saiu do ambiente MUD e virou sinônimo de coisas como comerciais insistentes, mensagens e e-mails massivos.
A tecnologia faz parte de tudo: do trabalho ao lazer. E como vimos, ela também tem um lado surpreendente e cheio de histórias curiosas.
Neste Dia da Informática, celebramos não só os avanços, mas também as mentes criativas e ousadas que fizeram (e fazem) da tecnologia um campo tão apaixonante.
Na Verx, nós valorizamos o conhecimento, a inovação e a curiosidade como motores de transformação. Afinal, entender o passado é essencial para construir o futuro da tecnologia.
Fontes:
https://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/46/2015/07/revista_TI-50anos-9.pdf
Assista ao vídeo da esquete do Monty Python clicando neste link.