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O USO DA TECNOLOGIA (IA) ESTÁ MESMO AFETANDO O MUNDO ARTÍSTICO?

Elizabeth Vasconcelos
Sócia-Diretora/ Managing Director

No final de agosto fui ao cinema com minhas filhas assistir Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1. Acreditem, foi a primeira vez que fui ao cinema ver um dos filmes da saga! Nunca fui fã da série ou do ator, mas depois de ter maratonado todos os seis filmes nas férias de julho com as crianças, não poderia deixar de levá-las ao cinema para ver Tom Cruise, no auge dos seus 61 anos, dando um show. E claro, conferirmos, com toda emoção que só uma sala de cinema promove, as cenas em que ele não usa dublê – era o que elas mais queriam ver, depois de acompanharem os making off nas redes. Saímos animadíssimas com as cenas de Tom, os efeitos especiais, a superprodução do filme, e claro, comentando sobre as várias coisas impossíveis de acontecer na vida real (como as cenas do trem, por exemplo). Aí, vamos fazer um recorte – minhas filhas estão com 10, 12 e 14 anos.

Você deve estar se perguntando, bom, mas e aí, o que isso tem a ver com o uso da tecnologia e por que estou escrevendo isso aqui no LinkedIn?

Concomitantemente ao lançamento do filme, atores e roteiristas de Hollywoody entraram em greve reivindicando melhores condições de trabalho e proteções contra o avanço da inteligência artificial no mundo cinematográfico. Já há startups lucrando com o uso da inteligência artificial nas produções hollywoodianas exibindo ferramentas de troca de rosto, podendo substituir atores, ou simplesmente criar atores sintéticos que se tornarão cada vez mais realistas.

Outras empresas, que desenvolveram ferramentas de dublagem que já dublaram um longa-metragem completo, ferramentas de restauração que revivem filmes e séries antigos para os streamings, ferramentas de rejuvenescimento e envelhecimento que buscam baratear o custo desses efeitos nas produções, e algumas estão desenvolvendo ferramentas que transformam textos escritos em vozes com som humano para acrescentar locuções a documentários, por exemplo.

Já existe até startup focada em usar gravações de arquivo e IA para clonar vozes de atores antigos para filmes e videogames. Existem, também, IAs capazes de escrever um roteiro para as produções cinematográficas ou livros inteiros.

Para os especialistas, a substituição de profissões é inevitável, assim como telefonistas foram extintas com a evolução dos telefones e tantas outras profissões com o desenvolvimento de outras tecnologias. É fato que algumas tecnologias que surgiram nos últimos anos precisam de regulamentação para que se mantenha uma atmosfera de trabalho justa e saudável. E não precisamos ir longe para falar sobre essa necessidade – recentemente tivemos a polêmica do uso da imagem póstuma de Elis Regina num comercial de carros. E em seguida, Madonna deixando em testamento proibindo o uso de hologramas com a sua imagem após sua morte. Quando imaginaríamos que isso seria preciso?

Contudo, assim como no mercado tradicional, no mundo artístico a tecnologia pode acabar alterando ou extinguindo profissões, mas também criará novas. Nosso olhar deve estar muito mais voltado para a questão ética e a ponderação no uso dessas tecnologias, pois o problema não está nelas e sim na forma como muitas vezes são utilizadas.

Há de se considerar que a tecnologia sempre foi uma grande aliada da indústria cinematográfica, seja pela criação de sensacionais efeitos especiais ou de softwares que recriam batalhas com milhares de soldados virtuais, como em Star Wars. O que seria de George Lucas sem o uso da tecnologia em suas criações?

Segundo Fran Drescher, presidente do SAG-Aftra (Screen Actors Guild – American Federation of Television and Radio Artists, “…Todo o modelo de negócios foi mudado pelo streaming, pelo digital, pela IA. Se não agirmos agora, estaremos todos em perigo de sermos substituídos por máquinas.” Pergunto a Drescher e a tantos outros profissionais: quais modelos de negócio não foram ou estão sendo mudados dia a dia, seja pelas novas tecnologias, pelas fantásticas criações, co-criações, invenções, etc.? Isso é a evolução da espécie, para mim.

O que temos que fazer é nos inspirarmos em Tom Cruise para sermos cada vez mais profissionais completos, diferenciados, arrojados, destemidos, persistentes, obstinados pela qualidade daquilo que entregamos. Em Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1, apesar da produção ter dito a Tom que a gravação tinha ficado perfeita, um membro da equipe revelou que o ator repetiu a cena seis vezes até alcançar o resultado que gostaria. Temos que ter o mindset como o dele: “Dont´be careful. Be competente” (Tom Cruise).

https://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2022/12/20/missao-impossivel-video-penhasco/

 Tenho para mim, a exemplo do que tenho em casa e no meu convívio social, que boa parte dessa nova geração sabe distinguir bem o que é realidade e efeito especial, montagem, realidade virtual. E sabem o que querem consumir – valorizam o que é real, legal, lícito, ético. Seja na indústria cinematográfica, de vestuário a alimentos.

Volto a afirmação de Drescher, “… Se não agirmos agora, estaremos todos em perigo de sermos substituídos por máquinas.” Temos que ser protagonistas de nós mesmos, originais, criativos, autênticos – e isso está sob nosso controle, assim como a tecnologia. Precisamos saber como, quando e para que usá-la. Do contrário, estaremos apenas escrevendo um roteiro distópico, que por tantas vezes rendeu milhares de dólares a indústria cinematográfica hollywoodiana.

E você, tem uma opinião sobre tudo isso?

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