O Setembro Amarelo é o momento de falarmos abertamente sobre a prevenção ao suicídio, uma das questões mais sérias de saúde pública. Mas, mais do que isso, é uma oportunidade para repensarmos como cuidamos da nossa saúde mental todos os dias.
Em meio ao ritmo acelerado do dia a dia, pressão no trabalho, instabilidades econômicas e desafios pessoais, cuidar da saúde mental tornou-se fundamental não apenas para evitar crises, mas para manter o bem-estar, desenvolver a resiliência e ter qualidade de vida.
Vamos entender o que é a saúde mental, quais são os desafios atuais no Brasil e o que você pode fazer para proteger a sua mente e ajudar quem está por perto.
O que é saúde mental segundo a OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde mental como um estado de bem-estar no qual o indivíduo:
- Reconhece suas próprias capacidades.
- Consegue lidar com o estresse normal da vida.
- Pode trabalhar de forma produtiva e contribuir para sua comunidade.
A definição da OMS mostra que a saúde mental não é a ausência de sofrimento ou desafios, mas sim a capacidade de uma pessoa de ter suporte, recursos, habilidades e um ambiente que a permita enfrentar essas adversidades. A organização destaca que transtornos mentais como depressão e ansiedade são comuns e que muitos fatores biológicos, psicológicos e sociais contribuem para o seu surgimento.
Panorama atual no Brasil
Esses são alguns dados recentes que mostram a urgência da situação:
- Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil.
- Um boletim epidemiológico de 2022 do Ministério da Saúde aponta que, em 2021, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi de 6,5 óbitos por 100 mil habitantes.
- A Fiocruz divulgou um estudo em 2024 que aponta um crescimento, em média, de 6% ao ano nas taxas de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos, entre 2011 e 2022. As notificações de autolesões também aumentaram nesse mesmo período.
- A Agência Brasil noticiou que as internações por automutilação ou tentativas de suicídio na rede pública cresceram 25% entre 2014 e 2023. Em 2023, o SUS registrou 11.502 internações relacionadas a lesões autoprovocadas, uma média de cerca de 31 casos por dia.
Por que o Setembro Amarelo é importante
O Setembro Amarelo é um tempo para darmos voz ao assunto, para dialogarmos e para diminuirmos o estigma. A campanha nos lembra que ninguém está sozinho e ajuda a sociedade a olhar com mais empatia para quem sofre, além de incentivar políticas públicas e iniciativas de apoio contínuo.

Sinais de alerta que podem indicar perigo
É importante saber identificar sinais de que algo pode não estar bem, tanto em si mesmo quanto nos outros. Alguns dos sinais mais comuns (nem sempre todos, nem sempre visíveis) incluem:
- Pensamentos frequentes de tristeza profunda, desesperança ou “querer sumir”.
- Conversas ou afirmações sobre morte ou sobre não querer continuar vivendo.
- Isolamento social súbito, afastar-se de amigos, família e de atividades que antes davam prazer.
- Alterações no sono (insônia ou dormir demais), apetite e energia física.
- Perda de interesse ou de propósito, sentir que nada mais importa.
- Comportamentos de risco, como uso de álcool ou drogas como fuga, e autolesão.
Se você perceber qualquer um desses sinais por um período prolongado, ou se alguém próximo expressa esses sentimentos, isso já é motivo para atenção.
Dicas para equilibrar a saúde mental
Aqui estão algumas atitudes que você pode incorporar no dia a dia, simples, mas eficazes:
- Tenha uma rotina de sono regular: procure dormir e acordar nos mesmos horários e evite o uso de telas pouco antes de dormir.
- Movimente-se: caminhadas, exercícios leves e atividades ao ar livre ajudam a liberar endorfina e a melhorar o humor.
- Alimente-se bem: inclua frutas e legumes na sua dieta e evite o excesso de açúcar ou cafeína. Uma boa alimentação reflete no bem-estar mental.
- Reserve espaços para relaxar: música, leitura, meditação, respiração consciente ou qualquer hobby que ajude a desligar a mente.
- Estabeleça limites: aprenda a dizer “não” ou a fazer uma pausa no trabalho, nas redes sociais ou em qualquer atividade que o deixe sobrecarregado.
- Conecte-se com pessoas de confiança: conversar sobre o que sente, pedir ajuda e compartilhar angústias pode diminuir o peso emocional.
- Busque ajuda profissional se necessário: psicoterapia, aconselhamento e grupos de apoio. Procurar ajuda não é fraqueza, é um ato de amor próprio.
Onde buscar ajuda
Há serviços confiáveis que podem ajudar:
- Centro de Valorização da Vida (CVV): telefone 188, disponível 24 horas por dia, de forma gratuita, para apoio emocional e prevenção ao suicídio.
- Unidades de saúde do SUS: procure a Unidade Básica de Saúde (UBS), o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou outros serviços de atenção psicossocial.
- Ministério da Saúde: o site do Ministério da Saúde tem uma página sobre “Suicídio (Prevenção)” com informações e orientações.
- Instituições privadas ou ONGs: psicólogos, psiquiatras, linhas de ajuda online e grupos de suporte comunitário.
Cuidar da saúde mental também é acolher, ouvir sem julgar, oferecer companhia, perguntar “como você está?”. Mostrar que se importa já é de grande ajuda para quem está em sofrimento emocional. Informar-se, desestigmatizar, apoiar quem sofre e praticar o autocuidado são ações incentivadas no Setembro Amarelo que podem fazer toda a diferença.
Referências:
– https://setembroamarelo.org.br/prevencao/
– https://cvv.org.br/wp-content/uploads/2023/08/guia_CVV_pais_educadores_DIGITAL.pdf