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Tecnologia, aliada ou inimiga?

Elizabeth Vasconcelos
Sócia-Diretora/ Managing Director

Ano novo, hora de pensar em compartilhar algo novo com vocês! #SQN. O assunto é o mesmo que você tem visto mundo a fora sobre o bom e mau uso da tecnologia. E porque eu escolhi esse tema (batido) para falar com vocês? Porque meu objetivo é despertar em você, querido leitor, a reflexão sobre o uso.

Em dezembro passado, recebi em casa um comunicado da escola das minhas filhas informando que a partir deste ano, para o ensino infantil, fundamental I e II fica proibido o uso do celular na escola. Isso mesmo, proibido usar o celular na escola. O objetivo “é desenvolver hábitos responsáveis de utilização do celular de acordo com cada faixa etária, de modo que ele não concorra com o tempo de convivência dos alunos na escola.”

Tenho visto essa postura em outros meios além das fronteiras da escola, em rodas de amigos, em artigos sobre saúde e bem-estar, nos consultórios médicos, podcasts etc.

Que a tecnologia impacta o comportamento humano, não é segredo para ninguém. Mas como usufruir de todos os benefícios que ela nos traz de forma saudável, sem nos esquecermos que somos seres humanos sociais fisicamente?

Você já ouviu sobre vícios comportamentais?

Um dos impactos mais preocupantes da tecnologia é o aumento dos vícios comportamentais, que são comportamentos repetidos de forma compulsiva, mesmo que causem consequências negativas para o indivíduo. Eles são semelhantes aos vícios químicos, porque envolvem a liberação de dopamina, um neurotransmissor que está associado ao prazer e à recompensa.

Alguns exemplos de vícios comportamentais incluem:

  • Apostar dinheiro em jogos de azar mesmo sem dinheiro.
  • Comprar itens desnecessários ou indesejados.
  • Comer grandes quantidades de alimentos, mesmo sem fome.
  • Trabalhar excessivamente, mesmo quando está cansado ou estressado.
  • Usar a internet ou as redes sociais de forma excessiva, mesmo quando isso causa problemas na vida pessoal ou profissional.

Os vícios comportamentais, e agora estamos falando sobre os relacionados à tecnologia, podem ter consequências negativas na saúde física e mental das pessoas, bem como para as relações pessoais e profissionais. Mas o problema é a tecnologia? Como em pleno século 21 alguém poderia viver sem tecnologia? Pois eu digo que na verdade, o problema está no excesso, no “não conseguir desligar”, e não na tecnologia em si.

Precisamos urgente prestar atenção ao nosso comportamento e reduzir tempo inútil na internet, sem isso corremos o risco de nos tornarmos menos produtivos, mais isolados e mais propensos a prejudicar nossa saúde mental. Quantas vezes você se pegou rolando seu feed infinitamente e quando percebeu já tinha se passado uma, até duas horas? E pior, consumiu pouca ou nenhuma informação realmente útil para a sua vida pessoal ou profissional.

Sem contar no tanto que o algoritmo das redes pode afetar a nossa visão de mundo nos prendendo em bolhas sociais, ou comportamentais em que somos expostos apenas a informações que confirmam nossas crenças e opiniões. Quando você segue apenas contas que compartilham das mesmas opiniões que você, as bolhas comportamentais são criadas e podem levar a uma visão distorcida do mundo, dificultando o diálogo com pessoas que têm opiniões diferentes das suas.

Muitos outros assuntos seguem sendo preocupantes como o fato de a Inteligência artificial estar cada dia mais sofisticada e alguns especialistas temerem que possamos nos tornar dependentes dela. A IA pode ser usada para automatizar tarefas, tomar decisões e até mesmo fazer companhia. E se nos tornarmos dependentes dela, podemos perder a capacidade de pensar por nós mesmos e tomar decisões autônomas. Isso inclui também, afetar a nossa criatividade ou memória. A IA ajuda muito no processo de criação, torna buscas e desenvolvimento muito mais rápidos, porém ficar dependendo dela, pode tornar o nosso cérebro mais “preguiçoso”, mais lento, dificultando o processo criativo como conhecemos.

Mas quero enfatizar, o problema não está na tecnologia, está no nosso comportamento. A IA é uma das tecnologias mais disruptivas do nosso tempo. Ela tem o potencial de mudar a maneira como vivemos, trabalhamos e interagimos com o mundo ao nosso redor. Ela já é usada em uma ampla gama de aplicações como:

  • Robótica: Para desenvolver robôs que podem realizar tarefas complexas, como operar máquinas, realizar cirurgias e cuidar de idosos.
  • Automação: Para automatizar tarefas que antes eram realizadas por humanos, como processar pedidos e responder a perguntas de usuários.
  • Análise de dados: Para analisar grandes conjuntos de dados, identificar padrões e tendências, melhorando a tomada de decisão e o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
  • Reconhecimento de imagens e fala: Isso pode ser usado para melhorar a segurança, a acessibilidade e a experiência do usuário.
  • Na saúde: A IA está sendo usada para desenvolver novos tratamentos, diagnosticar doenças precocemente e personalizar os cuidados com a saúde.
  • Na educação: Está sendo usada para desenvolver aplicativos que fornecem aos alunos feedback personalizado sobre suas tarefas, recomendar materiais de aprendizagem relevantes e ajudar os alunos a aprender em seu próprio ritmo.
  • No transporte: Carros autônomos que podem detectar pedestres e outros veículos, evitar colisões e dirigir em condições climáticas adversas.

Os impactos da IA em nosso mundo ainda estão se desenrolando, mas já está claro que ela tem o potencial de transformar profundamente a nossa sociedade. Ela pode nos beneficiar de muitas maneiras, mas é importante desenvolver e aplicá-la de forma ética e responsável para garantir que seja usada para criar um futuro melhor para todos.

Outras duas tecnologias, que embora estejam em seus estágios iniciais de desenvolvimento, também têm o potencial de revolucionar a maneira como interagimos com o mundo são VR (realidade virtual) e AR (realidade aumentada). A VR pode ser usada para criar mundos virtuais totalmente imersivos. Já a AR pode ser usada para sobrepor informações virtuais ao mundo real, o que pode ser útil para uma variedade de propósitos, como educação, treinamento, vendas e entretenimento.

Eu fico muito animada com o potencial dessas tecnologias para melhorar a vida das pessoas. No entanto, é importante estar ciente dos possíveis riscos e manter o equilíbrio entre real e virtual. Agora em janeiro tivemos no Reino Unido, o primeiro caso de violência sexual no metaverso que está sendo investigado. A pessoa que sofre esse tipo de violência no mundo virtual tem tantos traumas psicológicos quanto uma pessoa que sofreu no mundo físico. É um assunto muito sério, por isso ainda há muito a ser discutido e feito, incluindo leis que regulamentem o ambiente virtual.

Sem falar que o uso excessivo da VR pode levar à dependência ou à distorção da realidade, e a AR pode ser usada para criar desinformação. Mas as duas também podem trazer uma série de benefícios para as nossas vidas, só é preciso parcimônia, ética e bom senso no seu uso.

VR e AR estão se tornando cada vez mais realistas e envolventes. E à medida que os dispositivos se tornam mais poderosos, os usuários poderão experimentar mundos virtuais e aumentados indistinguíveis do mundo real. Também se tornam cada vez mais acessíveis ao consumidor e trazem maior integração com outras tecnologias, como inteligência artificial (IA), robótica e internet das coisas (IoT). Isso está possibilitando novas aplicações e experiências inovadoras.

Alguns dos benefícios mais significativos incluem:

  • Proporcionar aos usuários novas experiências que de alguma forma não seriam possíveis a eles no mundo real. Como, viajar para lugares exóticos, aprender novas habilidades ou experimentar emoções que nunca sentiram antes. Já existem, por exemplo, estudos em andamento em UTIs utilizando realidade virtual para acelerar o processo de melhora dos pacientes internados.
  • Também podem ser usadas para melhorar o aprendizado e a compreensão. Possibilita, por exemplo, que os alunos experimentem um evento histórico com a VR ou visualizem estruturas complexas com a AR.

Por fim, trago algumas recomendações para que façamos o bom uso das facilidades que a tecnologia nos traz e ela continue sendo uma aliada e não uma inimiga. Segue:

  • Estabeleça limites de tempo para o uso: defina um tempo máximo diário para usar as tecnologias, como smartphones, computadores e redes sociais.
  • Use a VR e a AR com moderação: não passe muito tempo em mundos virtuais ou aumentados.
  • Faça pausas regulares: a cada 20 ou 30 minutos de uso das tecnologias, faça uma pausa de 5 minutos para se movimentar ou descansar os olhos.
  • Passe tempo no mundo real: reserve momentos do dia para ficar sem tecnologia, como antes de dormir e durante as refeições. Passe tempo na natureza, ande descalço, passeie e aproveite os momentos em família estando realmente presente.
  • Procure atividades que não envolvam tecnologia: encontre atividades que você goste de fazer sem usar smartphones, internet e tudo mais, como praticar esportes, ler ou conversar com amigos e familiares.
  • Seja crítico com as informações que encontra online: não acredite em tudo o que lê.
  • Procure ajuda se estiver tendo problemas com o uso da tecnologia: se você acha que está viciado ou que está tendo problemas para controlar o uso da tecnologia, procure ajuda profissional.

A tecnologia terá sempre dois lados como facilitar a comunicação e o relacionamento social, permitindo por exemplo, que você se conecte com pessoas de todo o mundo, mesmo que estejam distantes fisicamente. E ao mesmo tempo, te isola das pessoas próximas se você não cuidar do quanto fica imerso. Ela amplia o acesso à informação e ao conhecimento, mas também nos expõe a muitas fake news e nos bombardeia de notícias pesadas. Nos proporciona novas formas de aprendizagem e entretenimento, mas aumenta os níveis de ansiedade e depressão.

Consegue perceber como o bom ou mau uso só depende da gente? Precisamos estar atentos ao nosso comportamento diante da tecnologia e usá-la a nosso favor, não o contrário. Lembre-se de estar presente, de viver o que é real!

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