Skip to content

Avanços e Desafios das Mulheres no Mercado de Trabalho brasileiro.

Elizabeth Vasconcelos

Sócia-Diretora/ Managing Director

Semana passada, terminei de ler o livro de Michele Obama – “Nossa luz interior”. Neste ela dialoga de uma forma franca e bem-humorada com nós leitores, provocando-nos a reflexão de como construímos nossos relacionamentos, como encontramos forças e senso de comunidade em meio às diferenças, que ferramentas usamos para lidar com as dúvidas em relação às nossas capacidades e sentimentos e o que fazer quando tudo começa a parecer difícil demais de suportar.

Em mês de celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, compartilhar essa leitura e reflexão com vocês de como, nós mulheres, avançamos no mercado de trabalho e os desafios que enfrentamos, me pareceu uma boa forma de reverberar olhares, atitudes e reflexões rumo a construção de uma sociedade melhor a cada novo dia.

No último capítulo do livro, Michele fala sobre “sair por cima”. Ela explica como esse bordão, que se tornou praticamente sinônimo de seu nome, pode nos ajudar a preservar nossa integridade, tentar fazer as coisas com mais afinco e pensar mais. É sobre “como lutamos, como tentamos solucionar os problemas com os quais nos deparamos e como conseguimos segurar as pontas por tempo suficiente para sermos eficazes em vez de nos exaurirmos”.

Vejo nesta última frase, extraída do livro, um resumo de como a maioria de nós, mulheres, vive o dia a dia, tentando equilibrar nossos pratinhos na vida pessoal e profissional.

Veja os dados do mercado de trabalho brasileiro:

  • Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nós mulheres, somos 51,5% da população total brasileira. Além do fato de a quantidade de lares com mulheres ocupando a função de responsável da família (conforme matéria da Valor Invest de 05/2023) ter crescido 72,9% entre 2012 e 2022, passando de 22,2 milhões para 38,3 milhões. Ou seja, a participação das mulheres entre os responsáveis dos domicílios saiu de 35,7% para 50,9%, enquanto a dos homens caiu de 64,3% para 49,1%, nesses dez anos.

Ou seja, a participação das mulheres no mercado de trabalho é um tema crucial para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

A industrialização impulsionou a entrada das mulheres no mercado de trabalho, principalmente nas fábricas. Mas somente depois da elaboração da Constituição de 1934, que as mulheres conseguiram seus primeiros direitos trabalhistas. Em 1943, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) consolidou os direitos de acesso das mulheres ao mercado de trabalho, a sua proteção jurídica e a igualdade de remuneração, proibindo o empregador de considerar sexo, idade, cor e raça para fins de remuneração e contratação. E na Constituição Federal de 1988, houve o estabelecimento do princípio da isonomia (todos são iguais perante a lei), onde as mulheres tiveram os seus direitos trabalhistas firmados, com a instituição da igualdade de gênero e da não-discriminação.

Passados 90 anos em nosso país, desde a constituição de 1934, saliento a importância dessas conquistas e os avanços alcançados no legislativo que resultaram no aumento da participação feminina no trabalho remunerado.

  • A quantidade de mulheres entre 17 e 70 anos empregadas no país, segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, passou de 56.1% em 1992 para 61,6% em 2015, com projeção para atingir 64,3% no ano de 2030.
  • Enquanto isso, o mesmo estudo indica que a taxa de participação masculina no mercado de trabalho tende a cair, projetando que em 2030 ela será de 82,7%, inferior aos 89,6% observados em 1992.
Entretanto, apesar do maior número de mulheres trabalhando no país, ainda temos uma grande disparidade salarial entre homens e mulheres, e essa disparidade fica ainda mais evidente quando buscamos informações por raça e gênero.
  • As mulheres ocupam, em sua maioria, cargos de menor valorização e remuneração, e sofrem com a diferença salarial de gênero (20,5% a menos que os homens, segundo o IBGE).
  • As mulheres negras são as mais impactadas pelas desigualdades, com renda média equivalente a 44,4% da renda dos homens brancos. Elas também são mais propensas a sofrerem assédios e discriminações no ambiente de trabalho.
Mulheres em Tech

E o mercado de Tecnologia da Informação, ele gera oportunidade para as mulheres? Sim, no universo da Tecnologia, temos uma revolução em curso. Uma revolução liderada por mulheres, prontas para quebrar paradigmas e demonstrar o poder da diversidade no impulsionamento da criatividade e inovação.

A presença feminina no mercado de TI, embora ainda desafiadora, tem mostrado um crescimento. O relatório TIC da BRASSCOM (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais), mostra:

  • aumento na participação feminina de 361.866 em 2019 para 424.755 em 2021
  • e que, nós mulheres, somos 39% atuando no setor TIC;

Esse último dado, ainda é pequeno, considerando que somos 51% da população brasileira e apenas 44% das pessoas no mercado formal.

Outro estudo, da BairesDev, mostra que:

  • a participação feminina nas candidaturas para vagas em TI na América Latina saltou de 11% para 31% entre 2015 e 2021, com o Brasil mostrando um crescimento impressionante de 16% para 40%.

No Brasil e ao redor do mundo, iniciativas estão sendo tomadas para fomentar a entrada e permanência das mulheres no setor de TI. São projetos como:

que também tem sua razão de existir na intenção de incentivar mulheres a entrarem para o mundo da TI.

Isso não apenas destaca um interesse crescente das mulheres por carreiras tecnológicas, mas também sublinha a importância de criar ambientes de trabalho mais inclusivos e representativos.

Seja no mundo tech ou nas demais áreas profissionais e pessoais, é crucial reconhecer e celebrar as contribuições das mulheres na nossa sociedade. Estamos provando que nosso lugar é onde quisermos.

A caminhada rumo à equidade de gênero ainda é longa, mas os passos dados até agora nos aproximam de um futuro em que a diversidade é não apenas valorizada, mas vista como essencial para o sucesso empresarial. Todas as lutas travadas ao longo desses anos por essa busca, nos assegura de estamos sim tentando solucionar os problemas que nos chegam, conseguindo segurar as pontas por tempo suficiente para sermos eficazes em vez de nos exaurirmos, como diz Michele Obama!

Você se viu em alguma parte deste artigo, abrindo portas para outras mulheres, engajada em algum projeto ou iniciativa que promova a equidade de gênero e a valorização da mulher em nossa sociedade? Compartilhe comigo. Vamos ecoar o feminismo** em nossa sociedade.

** Feminismo é um movimento social por direitos civis, protagonizado por mulheres, que desde sua origem reivindica a igualdade política, jurídica e social entre homens e mulheres. Sua atuação não é sexista, isto é, não busca impor algum tipo de superioridade feminina, mas a igualdade entre os sexos.
Compartilhe
Redes Sociais
Conheça nosso trabalho
Localize no Site
Notícias Recentes
Categorias relacionadas:
Palavras chave:
Mais Lidas

Artigos Relacionados

Existe um “Vale do Silício” brasileiro? Conheça as cidades mais tecnológicas do país.

Para que serve o Vale do Silício? O famoso Vale do Silício, fica na Califórnia (EUA), e se refere a uma
Leia mais >

Web Summit Rio 2024 – tecnologia sim, mas somada a criatividade, ética e educação.

Elizabeth Vasconcelos Sócia-Diretora/ Managing Director Com um olhar sobre a evolução da tecnologia sul-americana e como o Brasil está se mantendo
Leia mais >

O que é Rollout em projetos de tecnologia?

Entenda o que é e se vale a pena investir em um Rollout em TI O mundo da tecnologia da informação
Leia mais >